




“A poesia da carne nua como matéria de arte leva os escultores a tornarem-se pintores e solicita neles o gosto do fragmento: a carne torna-se carne e deixa de ser muro” (p. 29)
“Assim a forma não age como um princípio superior modelando uma massa passiva, porque pode considerar-se que a matéria impõe a sua própria forma, à forma. […] as matérias trazem em si um certo destino ou, se quiserem, uma certa vocação formal. Têm uma consistência, uma cor, um granulado. São formas e por isso mesmo atraem, limitam ou desenvolvem a vida das formas da arte” (p. 65)
FOCILLON, Henri – O Mundo das Formas. Tradução de Maria José Lagos Trindade e Alexandre Pinheiro Torres. Porto : Edições Sousa & Almeida, 1962.
Lisboa, 2007: Joseph é um atormentado seminarista americano, membro da Opus Dei, que veio a Lisboa apresentar uma exposição da Ordem Franciscana na Sé de Lisboa. Trouxe para Portugal um espelho lendário: "O espelho de São Francisco de Assis, que dizem, permite ver o futuro".
No dia da partida, choca com Giulia na estação dos comboios, uma bela e irreverente escritora italiana com quem estabelece uma química imediata. Giulia conta a Joseph que veio a Lisboa à procura de uma misteriosa cantora com quem o pai namorava antes de ter partido para a guerra colonial. Nas últimas cartas enviadas por aquela mulher ao pai, a paixão e o abandono pareciam estar a levá-la à loucura, desconhecendo que um acidente na guerra fizera o seu soldado perder a memória e esquece-la para sempre. Giulia veio a Lisboa, trazer a trágica noticia da morte do pai e devolver a correspondência. Mas aquela mulher desaparecera...
Havendo problemas nas linhas férreas, os horários dos comboios são adiados tpara 12 horas mais tarde. Joseph, fascinado com a história, propõe a Giulia que tentem aproveitar o tempo de espera e partam em busca da cantora desaparecida. Os dois partem numa viagem por Lisboa, a cidade mítica: uma aventura de descoberta mútua, atração e desejo.
O passado trágico de cada um, as revelações e os segredos tornam-nos ainda mais próximos, confidentes. Como se o rapaz mais sozinho do mundo, houvesse encontrado a rapariga mais triste e os dois quisessem permanecer juntos para sempre!
Então Giulia promete a Joseph: "Se um dia encontrares o meu livro, descobrir-me-ás!"